Destaques

Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Som na caixa, manguaça. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta Som na caixa, manguaça. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

sexta-feira, junho 08, 2007

Cachaça dá Samba

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Cachaça dá Samba é um disco lançado pela DeckDisc – a gravadora 100% independente segundo seu próprio slogan – na terça-feira, 5 de junho, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. A missão de Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta é nobre: compilar canções que tenham a chambirra como musa inspiradora, compostas durante o século XX. Em outras palavras, são músicas que poderiam figurar na editoria "Som na caixa, manguaça".

As 14 faixas, o mesmo número das edições até o momento, da editoria mantida pelo Marcão. Porém, apenas É bom parar, de Altamiro Carrilho, também está entre as destiladas do Futepoca.

À lista:

1 - Ai, Cachaça! / Bebida, Mulher e Orgia
2 - Quem Não Sabe Beber
3 - A Verdade é Pura
4 - O Pingo e a Pinga
5 - Malvada Pinga (moda da Pinga)
6 - Delírio Alcoólico
7 - Por Esta Vez Passa
8 - Maria Fumaça
9 - Prá Esquecer
10 - É Bom Parar / Quem Mandou Você Beber/ Não Deixarei de Beber
11 - Moenda Velha
12 - Baranga Das Dez, Broto Das Duas
13 - O Que me Dão Pra Beber / Beberrão
14 - Deixa-me Beber / Cachaça

O duo andou gravando pela Biscoito Fino o Dois bicudos, em 2004, bastante elogiados à época, embora eu nunca tenha escutado. O novo Cachaça dá samba sai a R$ 21,90, com frete em torno de R$ 5, ou R$ 1,69 a faixa, na página da gravadora que redireciona para o Imusica (só as faixas 2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 disponíveis).

O projeto gráfico é previsível, quiça obrigatório: rótulos de aguardentes de outros tempos.

Foto: Divulgação Deckdisc
Som na caixa, manguaça.

quarta-feira, março 17, 2010

A Manguaça e o Samba: a ressaca de Nelson Cavaquinho

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O post poderia estar na editoria “Som na Caixa, Manguaça”, afinal o assunto é o programa “Samba na Gaboa”, da TV Brasil, apresentado pelo sambista Diogo Nogueira.

O programa que conta com um cenário baseado em um boteco, tem em suas gravações a presença quase que constante da indispensável cervejinha, que acompanha as conversas em busca pela memória e histórias da música brasileira. Já o episódio de terça-feira, 16, o tema foi a relação entre o samba e o botequim. Com os convidados Cristina Buarque e Alfredo Del Penho, o roteiro incluiu clássicos como Eu Bebo Sim (Luiz Antônio e João do Violão) e histórias de ébrios clássicos como Nelson Cavaquinho.


Foto: Fore/Flickr

Samba e manguaça, Futepoca ainda quer discutir a estruturação da gravadora 100% independente "Manguaça Records" 

Boemio "profissional", Cavaquinho encontrava-se, no dia de produção de um álbum de Cristina Buarque profundamente “ressaqueado”. Após sucos, águas e todos os tipos de receitas para trazer vida ao corpo de sambista, alguém teve a idéia de buscar uma “caninha”. Pronto! Lá estava novamente o bom (e manguaça) Nelson Cavaquinho.

A prática para curar a ressaca não é novidade alguma para os ébrios de plantão, mas sempre é bom lembrar as propriedades de cura do mé.

O programa deve ser colocado em breve no site do programa. E depois de assistir dá até para discutir se o Walt Disney estava muito errado ao afirmar que o samba flui a partir da cachaça.

sábado, agosto 08, 2009

Som na Caixa, Manguaça! (Volume 41)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um Copo de Pinga

(Sérgio Britto/Folclore popular)

Na segunda eu planto a cana 
Na terça amanhece nascendo 
Na quarta eu colho a cana 
Na quinta eu faço o engenho 
Na sexta eu faço a pinga 
No sábado eu amanheço bebendo 
No domingo minha mãe disse meu filho pára de beber 
Essa sina eu vou cumprir até morrer 


Da garrafa eu faço a vela 
Da prateleira eu faço o caixão 
Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão 
Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão



(Sugestão de Moriti Neto)

terça-feira, janeiro 29, 2013

O Mestre: Cachaça não é tíner não

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quando ouvia a clássica marchinha de Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro, Héber Lobato e Marinósio Filho, imortalizada no Som na Caixa Manguaça nº 51", "Você pensa que cachaça é água", sempre entendi, na letra, um teor de um "pres'tenção". Uma dose de toque amigo para manguaças profissionais buscarem uma hidratação mais convencional.

Ao assistir a "O Mestre", de Paul Thomas Anderson, ocorreu-me uma leitura um pouco diferente. Em vez de uma crítica a hábitos etílicos exacerbados do interlocutor, imaginei que para a marchinha um diálogo em grau mais professoral, um ensinamento para explicar a diferença entre cachaça e água. A distinção, entendam, está praticamente dada por uma questão de fonte dos recursos (alambique versus ribeirão), quase uma denominação de origem controlada (DOC, como em vinhos, espumantes, queijos e quetais).

O devaneio, inspirado pela aspiração de chegar ao bar, decorre de algumas das sequências do referido longa-metragem. A produção mostra a relação peculiar (lá de onde eu venho, o nome disso seria "doida de pedra") entre Freddie Queuel (Joaquin Phoenix) e Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffmann), livremente inspirado em Lafayete Ron Hubbard, fundador da Cientologia -- ideário que teve repetidos quinze minutos de fama em 2001, quando o galã Tom Cruise trocou sua então esposa Nicole Kidmann pela doutrina -- não foi assim tão simples, mas me falta informação para redator de coluna de celebridades.

Foto: Divulgação

No filme "O Mestre", Freddie Quell (e seu fígado) é interpretado por Joaquin Phoenix. C
oquetéis com itens como reveladores e fixadores de
filme. Espera-se que dublês tenham participado de cenas como as da foto


Ao caracterizar os personagens, o filme destila Dodd como um intelectual com talento para autoritário e ambição para messianismo. Queuel começa como um marinheiro traumatizado da Segunda Guerra Mundial, alcoólatra e viciado em sexo que perdeu um parafuso antes ou depois de cruzar o Atlântico dos Estados Unidos para a Europa. Ao voltar, exercita hábitos de adicto de estágio avançado -- de beber perfume e daí para baixo. Bem para baixo.

Em quatro sequências diferentes, a personagem manufatura coquetéis peculiares. No primeiro, em meio a um laboratório de revelação fotográfica de poses preto e branco, ele parece misturar sais de revelação com fixador, além de limão. E bebe. Depois, seu elixir vira suspeito de ser veneno, quando um camponês, colega na colheita de repolhos, não tolera a mistura não identificada e sucumbe.

Em outro trecho, antes de simular relações sexuais com uma escultura de areia na praia, o preparado leva água de coco e... tíner (!). Em outra, além de uísque e vodca, novos toques de tiner, agora filtrado (?!?!) em pão velho. E a mistura é apreciada pela dupla, embora o marinheiro indique que é capaz de fazer outras variações da verdadeiramente marvada, embora não repita a receita.


Foto: Divulgação

Na praia, a espera da volta para os Estados Unidos, um drinks (sic) de
água de coco e tíner, para rebater o calor. 

Assustado, fui ao Google.

Se o Sulfito de Sódio, componente principal de um dos principais reveladores P&B do mercado, também é usado como antioxidante e conservante de alimentos (não é tão tóxico, exceto para alérgicos ao produto). Tíner, por sua vez, que contém acetona ou butanona ou outros hidrocarbonetos, é solvente peculiar que pode produzir efeitos alucinógenos quando inalado, a exemplo do que acontece na cola de sapateiro. Não à toa, é vendido apenas a maiores de 18 no Brasil.

Não consegui ir além de referências a inalantes em fontes em português.

No caso do filme, vale ressaltar que, embora Lancaster Dodd tenha elementos claros de L. Ron Hubbard, há dúvidas sobre a existência de uma inspiração única para Quell, colocado como um anti-alterego do "Mestre", uma sombra impulsiva, animalesca e caricata. Mas uma corruptela reveladora do caráter...

Com essa informação, fiquei mais satisfeito de saber que, talvez, ninguém tenha chegado a degustar esse tipo de coquetel.

Ao mesmo tempo, e voltando ao clássico do cancioneiro popular brasileiro, foi a comparação a drinks com tíner e desinfetante que revi minha interpretação. Nessa perspectiva, talvez cachaça fique parecendo quase água. Na dúvida, melhor não arriscar.

quarta-feira, março 25, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 36

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

MELÔ DO BÊBADO
(Composição: DJ Marlboro)

Mc Batata

1, 2, 3
você foi na minha casa me chamando de safado
dizendo pra minha família que só ando embriagado
embriagado é minha sina, eu nasci pra ser bebum
vô te dá uma boa ideia se pagar 51

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

na barriga da mamãe planejaram sem dinheiro
que eu seria um grande homem invés (sic) de um cachaceiro
mas meus pais se embriagavam, gravidez, que desespero!
os desejos só passavam tomando Velho Barreiro
no dia do nascimento levei meu primeiro tapa
e chorei o tempo todo com a cara de babaca
minha mãe não aguentava, disse: "-Que coisinha chata!"
descobriram, era dengo pra brincar com uma garrafa

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

na hora do batizado não usaram água benta
me jogaram uma bebida que ardia igual pimenta
e o padre assustado disse: "-Que coisa nojenta!"
vendo eu passar a língua lambendo licor de menta
as chupetas só viviam mergulhadas num potinho
dentro, um Rabo de Galo - só para pegar um gostinho
Rabo de Galo para pegar um gostinho
de Pitu, Fogo Paulista ou então de Tatuzinho!

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

e o tempo foi passando, fui deixando de pirraça
"gente boa" me chamavam, fui ficando um boa praça
mas a turma só dizia: "-Dos vinte, você não passa!"
nesse ritmo o seu fim é afogado na cachaça
já fizeram é de tudo pra tentar me convencer
que a cachaça é uma desgraça, pouco tempo vou viver
na sarjeta me encontraram, não lembro fazendo o quê
eu só lembro de um cachorro a minha cara lamber

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

você diz pra todo mundo que o de "bêbo" não tem dono
adormecido com a bebida, eu não sei se eu vou ou "fomo"
te garanto, eu não reclamo, desse jeito eu também como
eu só bebo, bebo, bebo, mas às vezes também como
a primeira namorada só andava do meu lado
dizendo que eu era lindo mas um pouco acanhado
ela era muito quente, tinha um fogo danado
para encarar a fera, só tomando um traçado...

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

profissão copo na mão, provador de caninha
isso é um dom e não fique de gracinha
quando pego a Praianinha só confiro se é purinha
se for de primeira linha bebo até com a tampinha
agora vou pra casa desfazer essa quizumba
você, pra fazer fofoca, é pior do que o Bussunda
se você ficar me olhando com essa cara de bunda
vou mandar você tomar...Pirassununga!

Óóóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça
Óóóóóó, a-a-á, bebo (ic!) cachaça

e se você tivesse no meu lugar, o que você faria?
você ia beber ou não ia?
tem que me dar um pouquinho de razão, eu não bebo demais
eu bebo só um pouquinho!

(Do LP "Funk Brasil", Polydor, 1989)

sexta-feira, outubro 04, 2013

Som na caixa, manguaça! - Volume 72

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


O LOBISOMEM
(Léo Canhoto)

Léo Canhoto e Robertinho

Eu vinha vindo com a minha namorada
Na avenida, conversando sossegado
A lua cheia brilhava no infinito
Ninguém na rua, só nos dois bem abraçados
À meia noite eu voltei da casa dela
Mas de repente parecia que era o fim
Um bicho feio no meu ombro pôs a mão
Olhou bem na minha cara e depois falou-me assim:

- Uuuuuuuuu aaaaaaahhhh! Eu sou o lobisomem e vou levar você para o outro mundo!

Com muito custo me livrei daquele monstro
E fui pra casa do Chicão, meu grande amigo
Entrei na sala tremendo, muito assustado
Contei pra ele o que aconteceu comigo
No outro dia fui levar minha garota
E o Chicão ficou no canto, escondido
Na minha volta o lobisomem apareceu
Nas minhas costa ele bateu, o negócio foi divertido

Mas o Chicão, meu grande amigo, apareceu
Trazendo junto uma garrafa de cachaça
Bebeu um trago e avançou no lobisomem
Os dois caíram, foi tão grande a arruaça
O bicho feio dava pulo de enfezado
E o meu amigo lhe tocava o pé no peito
Os dois rolavam que a poeira suspendia
E o barulho que faziam era mesmo desse jeito:

- Uuuuuuuuu aaaaaaaaaaaii! Eu sou o lobisomem e vou fazer você virar uma fumaça!
- E eu sou o Chicão, famoso bebedor de cachaça! E nunca mais você vai assustar ninguém! Toma!!! Toma!!!
- Uuuuuu aaaaaiiii!

O lobisomem se arrancou naquele instante
Entrou no pasto, escondeu-se no piquete
Mas o Chicão correu atrás e o agarrou
E sem demora foi lhe descendo o porrete
Toda mentira desse mundo é descoberta
Preste atenção e veja o que aconteceu
O lobisomem apanhou que até desistiu
A sua máscara caiu e a verdade apareceu

Eu cheguei perto para ver o acontecido
Até fiquei com pena desse camarada
O lobisomem que viva me assustando
Era o pai da minha linda namorada
No outro dia me casei com a menina
Eu gosto dela, por isso lhe dei meu nome
E o meu sogro hoje mora em minha casa
Cuida bem dos meus filhinhos, deixou de ser lobisomem...

(Do LP "Rock Bravo chegou para matar", RCA Camden, 1970)


quinta-feira, janeiro 17, 2013

A volta do boêmio

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

"Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição..."

Voltei!

E (re)começo com o título e alguns trechos do maior clássico de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, como fundo musical. Por quê?

Buenas, no post anterior que escrevi para o Futepoca, há (quase) um ano e meio, terminei dizendo que ia "beber um vinhozinho" para espantar o frio, a chuva, a deprê pré-segunda-feira e, principalmente, a dor de cabeça pelos 5 a 0 que o Corinthians aplicou impiedosamente sobre o meu time, naquele 26 de junho de 2011. Pois é, a ressaca do tal "vinhozinho" custou a passar... Mas "o bom filho à casa torna" - ou seria "o bom bebum ao bar entorna"? - e aqui me reapresento, disposto ao (bom) combate.

"Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
- Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"

Acontece que o Futepoca, tanto quanto suas próprias "razões sociais" (futebol, política e cachaça), é um vício. Mais do que isso: é uma família. E em família a gente bebe, discute, briga, bebe de novo, se afasta, se reconcilia, discute mais um pouco, bebe, chora, dá risada, faz drama, bebe a saideira, conversa, se abraça e, muitas vezes, chega num acordo. Ou não (rs). No meu caso, não teve discussão nem briga nem drama. Só um afastamento, digamos, necessário. Mas, felizmente, temporário.

Porque, como diz o Gilberto Gil, na letra de outro clássico, "Back in Bahia":

"Por algum tempo, que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá"

E porque um filho teu não foge à luta!

Voltei pra família Futepoca, cerrando fileiras novamente com Anselmo, Brunna, Fredi, Glauco, Maurício, Nicolau e Thalita. Agora me aguentem! (rs)

Beijos e abraços,
Marcão

Ps.1: A foto acima foi tirada pela - paciente, compreensiva e companheira - Patricia, no primeiro dia do ano, enquanto eu cantava e batucava na mesa da sala ao som de Benito di Paula, bebendo um Bicho Verde (Martini 40 ervas) misturado com caldo de pêssego. Sobrevivemos.

Ps.2: SOM NA CAIXA, MANGUAÇA:




segunda-feira, junho 07, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 55

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

CACHAÇA MECÂNICA
(Erasmo Carlos/ Roberto Carlos)

Erasmo Carlos

Vendeu seu terno, seu relógio e sua alma
E até o santo ele vendeu com muita fé
Comprou fiado pra fazer sua mortalha
Tomou um gole de cachaça e deu no pé

Mariazinha ainda viu João no mato
Matando um gato pra vestir seu tamborim
E aquela tarde, já bem tarde, comentava
Lá vai um homem se acabar até o fim...

João bebeu toda cachaça da cidade
Bateu com força em todo bumbo que ele via
Gastou seu bolso mas sambou desesperado
Comeu confete, serpentina e a fantasia...

Levou um tombo bem no meio da avenida
Desconfiado que outro gole não bebia
Dormiu no tombo e foi pisado pela escola
Morreu de samba, de cachaça e de folia...

Tanto ele investiu na brincadeira
Prá tudo, tudo se acabar na terça-feira...

Vendeu seu terno
E até o santo
Comprou fiado
Tomou um gole
João no mato
Matando um gato
Naquela tarde
Lá vai o homem...

João bebeu toda cachaça da cidade
Bateu com força em todo bumbo que ele via
Gastou seu bolso mas sambou desesperado
Comeu confete, serpentina e a fantasia...

Levou um tombo bem no meio da avenida
Desconfiado que outro gole não bebia
Dormiu no tombo e foi pisado pela escola
Morreu de samba, de cachaça e de folia...

Tanto ele investiu na brincadeira
Prá tudo, tudo se acabar na terça-feira...

Prá tudo, tudo se acabar na terça-feira...(3x)

(Do compacto "Cachaça mecânica", Polydor, 1976)

terça-feira, agosto 25, 2015

Som na caixa, manguaça! - Volume 86

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

MISERERE NOBIS

Gilberto Gil

Miserere-re nobis
Ora, ora pro nobis
É no sempre será, ô, iaiá
É no sempre, sempre serão

Já não somos como na chegada
Calados e magros, esperando o jantar
Na borda do prato se limita a janta
As espinhas do peixe de volta pro mar

Miserere-re nobis
Ora, ora pro nobis
É no sempre será, ô, iaiá
É no sempre, sempre serão

Tomara que um dia de um dia seja

Para todos e sempre a mesma cerveja
Tomara que um dia de um dia não
Para todos e sempre metade do pão

Tomara que um dia de um dia seja
Que seja de linho a toalha da mesa
Tomara que um dia de um dia não
Na mesa da gente tem banana e feijão

Miserere-re nobis
Ora, ora pro nobis
É no sempre será, ô, iaiá
É no sempre, sempre serão

Já não somos como na chegada
O sol já é claro nas águas quietas do mangue
Derramemos vinho no linho da mesa
Molhada de vinho e manchada de sangue

Miserere-re nobis
Ora, ora pro nobis
É no sempre será, ô, iaiá
É no sempre, sempre serão

Bê, rê, a - Bra
Zê, i, lê - zil
Fê, u - fu
Zê, i, lê - zil
Cê, a - ca
Nê, agá, a, o, til - ão

Ora pro nobis


(Do LP "Panis et circensis", Philips, 1968)


segunda-feira, dezembro 28, 2015

Som na caixa, manguaça! - Volume 91

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

CRISÂNTEMO
(Emicida/Dona Jacira/Felipe Vassão)

EMICIDA & DONA JACIRA

ele bebeu, bebeu
tipo vencedor
e depois riu, riu
como Bira do Jô
cumprimentou
todo mundo à la vereador
e subiu o morro estilo viatura
ele nos deu, nos deu
toda a fé de um pastor
depois sumiu, sumiu
deixando só a dor
ignorou o aviso
devagar com o andor
e flertou por sobre a vida dura

trafegou aéreo, dançou sério, pala
serpente rasteja, credo, pobre mestre-sala
cigarro no bolso, barro, Für Elise embala
no solo onde impera, qualquer bonde é vala
toma outro drink, se é o que lhe resta
toma outro drink, a vida é uma festa
viaja Amyr Klink, faz eterna sua sesta, vai
nem deu tempo pra dizer bye bye

a vida é só um detalhe (4X)
é tudo, é nada, é um jogo que mata
é uma cilada
a vida é só um detalhe (2X)

padeceu, desceu
como na seca, flor
e nóis seguiu, seguiu
juntando o que restou
uns retrato, disco
foi morar de favor
bem quando vi que o mundo é sem
calma

aconteceu, teceu
como Deus desenhou
no que surtiu, surgiu
um peito sofredor
era rato, bicho, mofo, fedor
mais saudade, que é sentir fome com a alma

e na ceia migalhas, no júri mil gralhas
não jure, quem jura mente, pra sempre, fé falha
vida, morte, números, de neguinho
aqui é cada um com a sua coroa de espinhos
qual a sua droga? TV, erva?
qual a sua droga? Solidão, cerva?
onde você se esconde? Onde se eleva, hein?
o que é seu em terra de ninguém?

e a vida é só um detalhe (4X)
é tudo, é nada, é um jogo que mata
é uma cilada
a vida é só um detalhe (2X)

"Era dia de Cosme, madrugada, chovia lá fora. De repente, alguém chama: 'Jacira, sou eu, Luiz'. Pressenti: 'Miguel morreu'. O que mais poderia ser? Além do mais, meu coração já estava apertado, prevendo desgraça. Na festa do terreiro, a certa hora, o Erê subiu. E quem desceu foi seu Sultão da Mata. Me chamou e disse: 'Pegue os meninos, vá pra casa'. Disse: 'Prepare o coração e seja forte, vá'. Levantei, abri a porta e a desgraça se confirmou. Uma briga, o tombo. O Seu Zé do Doce socorreu. Seu Zé é a representação do Estado no Jardim Fontális, talvez ainda, até hoje. Notícia pra dar, vaquinha pra enterrar. Domingo. Justo eu, que me criei sem pai. Perder o pai já é uma tragédia, perdê-lo na infância é sentir saudade. Não do que viveu, mas do que poderia ter vivido. O enterro, a volta, o olhar do menino marejando, pensando longe. Sem entender. E o meu coração apertado, sem conseguir explicar. O tempo foi encaixando tudo. Os pertences dele sempre no mesmo lugar, o velho chinelo abandonado respondem: 'Ele não vai voltar'. Os dias são escuros mesmo com sol quente. O silêncio de Miguelzinho cala, cada vez mais fundo no peito da gente. Quando o pai morre, a gente perde a mãe também. Eu já sabia o que era isso. Como pode alguém morrer no mesmo dia que nasceu?"


(Do CD "O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui", Laboratório Fantasma, 2013)




terça-feira, outubro 01, 2013

Som na caixa, manguaça! - Volume 71

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

VOU BEBER ATÉ MORRER

(Evaldo Freire/ Tina)

Evaldo Freire

Traga-me um copo de outra cerveja
Bote aqui na mesa deste bar
Porque não posso ver você mulher com outro
Por ti, querida, eu só vivo a lamentar

Como é que eu posso viver sem ter um amor
Vivo bebendo sem ninguém me socorrer
Só porque bebo as moças me recusam
Só por capricho vou beber até morrer

Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão


Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão

(bis)
 

Bebo por ti, morena dos olhos pretos
Porque falei pra contigo namorar
Tu me mandaste que eu fosse pra o inferno
Levasse um tubo de cachaça pra tomar
 

Mas não tem nada
Por eu viver na solidão
Você merece castigo, mulher
E Deus lhe dará o perdão
(bis)


(Do LP "A dor de uma paixão", EMI Odeon, 1980)


sexta-feira, março 28, 2014

Som na caixa, manguaça! - Volume 76

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

NA BATUCADA DA VIDA
(Ary Barroso / Luís Peixoto)

CARMEN MIRANDA

No dia em que apareci no mundo
Juntou uma porção de vagabundo da orgia
De noite teve choro e batucada
Que acabou de madrugada em grossa pancadaria

Depois do meu batismo de fumaça
Mamei um litro e meio de cachaça, bem puxado
E fui adormecer como um despacho
Deitadinha no capacho na porta dos 'Injeitados'

Cresci olhando a vida sem malícia
Quando um cabo de polícia
Despertou meu coração
Mas como eu fui pra ele muito boa
Me soltou na rua à toa
Desprezada como um cão

Agora, que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
E por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me 'esmulambando'
Seguirei sempre cantando na batucada da vida


(Gravação em 78 R.P.M., RCA Victor, 1934)



terça-feira, janeiro 23, 2007

Som na caixa, manguaça! (Volume 5)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O ébrio
Vicente Celestino
Na foto, como protagonista do filme "O Ébrio", de 1946
(Composição: do próprio)

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão!
Me abandonaram e roubaram o que amei!
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo


(Do CD "In Memorian", BMG Ariola, 1993)

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Som na caixa, manguaça! - Volume 74

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

TAMANCO MALANDRINHO

(Composição: Tom e Dito)

TOM & DITO

Vista sua mortalha azul-turquesa
Mais bonita que a beleza
Mais humana que o perdão
Calce seu tamanco malandrinho
Pintado de azul-marinho
Que é a cor da solidão
Transe,
Carnaval são só três dias
DE CACHAÇA E DE FOLIA
De alegria e emoção
Chore,
Quando chegar a terça-feira
Peito estoura de saudade
Estraçalha o coração
Que eu quero ver

Eu quero ver
Meu bloco na avenida sete
Encontrar você
Eu quero ver, eu quero ver
Na arquibancada da vida
Você se perder

Transe,
Carnaval são só três dias
DE CACHAÇA E DE FOLIA
De alegria e emoção
Chore quando chegar a terça-feira
Peito estoura de saudade

Dilacera o coração

(Do LP "Se Mandar M'imbora eu Fico" - Som Livre/1974)
* Música finalista do Festival Abertura, de 1974 , incluída no LP "Festival da Nova Música Brasileira - As Finalistas da Abertura".



sexta-feira, março 28, 2008

Som na caixa, manguaça! - Volume 17

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Pão com cerveja
(Velhas Virgens)

Eu nunca soube o que é ganhar dinheiro
Desde que entrei nessa de "roquenrou"
A grana não dá pra pagar a conta
Do que a gente bebe durante o show

Se eu não livrasse algum no jogo
Já tava embaixo de alguma ponte
Mas mesmo assim agente faz o som
A gente toca por prazer e é bom

Qualquer dia
Vamos passar a pão com cerveja
E que não falte a bebida, baby
Pra que pior não seja

O visual não é antigo à toa
As roupas estão mesmo em farrapos
Os instrumentos são emprestados
Nós tamos todos desempregados

Eu já estou quase passando o chapéu
Pra ter ao menos o da condução
A gente não pode nem fazer greve
Não tem salário. Não tem patrão

Eu nunca soube o que é ganhar dinheiro
Desde que inventei de ser "star"
A grana não dá pra pagar a conta
E as vezes os caras não querem pagar

Se eu não livrasse algum na rua
Já tava em paz de osso branco
Mas mesmo assim agente faz o som
A gente toca por prazer e é bom

Do CD "Vocês não sabem como é bom aqui dentro", MNF, 2001.

terça-feira, julho 29, 2014

20 anos sem Mussum: as origens do 'mé', do apelido e do 'dialétis'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mussum e uma garrafa: dia de homenagear o 'santo'
Todo butequeiro que se preze deve derramar um gole, hoje, em homenagem ao "santo" Antônio Carlos Bernardes Gomes, o saudoso mestre Mussum, morto há exatos 20 anos. Ícone do humor brasileiro, eternizado pelo grupo Os Trapalhões, foi também um grande sambista, compositor, músico e passista, tendo gravado vários discos com o grupo Originais do Samba e também em carreira solo. Anteontem, por coincidência (ou não), pois não me lembrava da data de morte do mito, comprei na rodoviária do Rio de Janeiro a biografia "Mussum forévis: samba, mé e Trapalhões", escrita por Juliano Barreto e publicada recentemente pela Editora LeYa. Embora eu considere que a rica e diversa vida de tal personagem mereça uma obra ainda mais "caudalosa", por assim dizer, com mais entrevistados, depoimentos, informações e infografia, o livro satisfaz algumas curiosidades que, com certeza, todo "mussunzista" deve ter. A elas:

A ORIGEM DO 'MÉ' - Já há muito tempo, a gíria "mé" é conhecida entre quem aprecia "molhar a palavra" ou "dar um tapa no beiço". Mas foi Mussum, indiscutivelmente, quem popularizou esse eufemismo para bebida alcoólica em escala nacional, no programa Os Trapalhões. Na biografia, Juliano Barreto conta que, em sua juventude na Mangueira, o carioca Carlinhos (como Mussum era conhecido), que trabalhava como mecânico e dividia um quarto de cortiço com a mãe a irmã, obviamente não tinha dinheiro para comprar conhaque ou uísque, suas futuras preferências. Por isso, "o drink preferido era a cachaça, mais barata e poderosa. Mas, para não beber a bebida pura, sempre rolava um xaveco para misturar a aguardente com algum ingrediente, para, pelo menos, suavizar seu gosto". Assim, naqueles anos 1950, o limão era a primeira opção da moçada mangueirense, seguido pela groselha e pelo mel. "Na primeira receita", prossegue o livro, "juntava-se a pinga com limão espremido e açúcar, o copo era chacoalhado e a mistura ganhava o nome de batida; a cachaça com groselha, por conta de seu tom vermelho opaco, ganhava o apelido de sangue; e a pinga com mel virou simplesmente o ". Bebedor "militante e profissional", Mussum tornaria-se um dos maiores "embaixadores" do "mé" e do prazer de "molhar a goela" (mesmo em um programa infantil!). Um dos momentos imortais, em Os Trapalhões, foi a paródia de uma propaganda de polivitamínico feita por Pelé, em que Mussum diz que o segredo da vitalidade "é que eu só tomo mé, MUITO mé!". Relembre:


A ORIGEM DO APELIDO - Mussum ainda era apenas um sambista, tocador de reco-reco e passista dos Originais do Samba, em novembro de 1965, quando o grupo foi convidado para ser figurante de um quadro fixo no programa de humor "Bairro Feliz", da recém-inaugurada TV Globo. No quadro, o ator Milton Gonçalves comandava um bloco de Carnaval e sempre se via em apuros para recusar algum samba-enredo horroroso que o mítico Grande Otelo insistia em lhe oferecer, toda semana. O programa era ao vivo, nas noites de terça-feira. Os Originais do Samba cumpriam o papel de figurantes, totalmente mudos, até que um dia Grande Otelo, que passava por fase instável na vida pessoal e vira e mexe aparecia bêbado, entrou em cena com um livro, dentro do qual escondera as folhas com o texto que não havia decorado. Só que, no ar, o veterano comediante tropeçou e derrubou o livro, espalhando folhas para todo lado. O (até então desconhecido) Carlinhos do Reco-Reco, ao fundo, não segurou sua irresistível gargalhada, o que, ao vivo, contagiou a plateia no estúdio e os telespectadores em casa. Furioso com a impertinência daquele figurante (e para disfarçar a gafe de não saber o texto e de ter sua malandragem de escondê-lo dentro do livro revelada ao vivo), Grande Otelo disparou, com sua voz esganiçada: "Tá rindo do quê, seu... seu... seu muçum!" O inusitado "xingamento" (muçum é um peixe parecido com uma enguia), somado a cara de espanto do sambista, completou a gargalhada do público - e tudo foi espontâneo. Para desespero do futuro Mussum, o apelido pegou forte no elenco e ele nunca mais seria chamado de outra maneira na vida. Veja vídeo do peixe muçum:


A ORIGEM DO 'DIALÉTIS' - Mesmo entre as crianças e adolescentes de hoje, que nem tinham nascido quando Mussum morreu, falar igual o personagem, colocando "is" no final das palavras - cadeiris, garrafis, carióquis - ainda é uma febre, e também em memes na internet e em camisetas. O que pouca gente sabe é que não foi o trapalhão quem inventou esse "dialétis". Depois da gargalhada espontânea no programa "Bairro Feliz", da Globo, que provocou a ira de Grande Otelo e o batismo de seu apelido eterno, Mussum saiu do anonimato e fixou-se como um cara engraçado, ganhando espaço para contar piadas e fazer palhaçadas nos shows dos Originais do Samba. Por isso, em 1967, foi convidado a integrar o novo quadro do programa "Chico Anysio Show", na TV Tupi, como aluno da "Escolinha do Professor Raimundo". Como precisava do dinheiro, pois, para sustentar mulher e filho pequeno, somava a carreira de sambista com a de cabo da Aeronáutica, Mussum aceitou. Mas ficou muito nervoso, já que, na experiência anterior na Globo, tinha sido só figurante e não precisava falar nada. Foi aí que o próprio Chico Anysio, que o convidou pessoalmente para o programa, bolou, junto com o redator Roberto Silveira, alguns bordões para ajudar o personagem Mussum a ter o que dizer na Escolinha: “Olha, crioulo, você tem três expressões para ganhar a vida: 'tranquilis', 'como di factis' e 'não tem problemis'. Esse vai ser o seu ganha pão”. De factis, foi isso mesmis que aconteceu. Muito depois, Mussum gravaria com Chico Anysio uma parceria do humorista cearense com Nonato Buzar. Ouça:


Passista: Mussum, de perfil, é o 2º a partir da esquerda
SAMBISTA E PASSISTA - Apesar de muitos ainda recordarem a vida musical de Mussum com os Originais do Samba e posterior carreira solo, poucos sabem sobre sua extraordinária habilidade como passista, que deslumbrou os mexicanos durante excursões por aquele país nos anos 1960. Para se ter uma ideia, Mussum foi um dos passistas de destaque do desfile da Mangueira no Carnaval de 1967, que contribuíram decisivamente para que a escola fosse campeã, depois de seis anos sem título. Ele apareceu até na capa da extinta revista O Cruzeiro. Foi a habilidade como passista de samba, aliás, que favoreceu sua estreia no mundo artístico: como o reco-reco, o instrumento que tocava, não era realmente imprescindível para um grupo de samba, foram os passos rápidos e acrobáticos que garantiram sua vaga nos Modernos do Samba, primeira versão dos Originais. Com o tempo, o bom humor, o jeito engraçado e a capacidade de fazer todo mundo rir seriam outras características que o tornariam insubstituível - e protagonista - no conjunto. E que o levariam ao "Chico Anysio Show", chamando a atenção de um outro cearense: Renato Aragão. O resto, como ele mesmo diria, "é históris". Avoé, mestre Mussum! Que esteja eternamente em paz, tomando um "mé" num buteco celestial. Vamos celebrá-lo com um pouco de Originais do Samba:


E (lógico) com Os Trapalhões, mostrando seus "dotes" de baterista e de cantor:


LEIA TAMBÉM:


Encerro o post registrando uma paródia de "Os seus botões", música do Roberto Carlos, que ouvi no programa Os Trapalhões quando tinha uns cinco ou seis anos (e que nunca mais me saiu da cabeça!): "O botão da calça/ Que o Mussum usava/ Era tão pequeno/ Não abotoava/ O dia que caiu/ Foi uma festança/ Todo mundo viu/ Sua preta poupança"

quinta-feira, setembro 11, 2014

Som na caixa, manguaça! - Volume 77

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Candeia
VOCÊ, EU E A ORGIA
(Candeia e Martinho da Vila)

Beth Carvalho

Escute, benzinho
Você não pode me deixar
Este triângulo de amor
Não pode acabar
Não vamos nos separar
Somos versos da poesia
Você e eu, orgia...

Acredito nos versos
Por isso te peço mais compreensão
Me conheceste no samba, no meio de gente bamba
Pandeiro na mão
Quando estou vadiando
Neguinho reclama sua companhia
Você e eu, orgia

Se eu morrer na orgia
Tô certo, neguinho, que vou lá pro céu
Vou orgiar lá em cima com Silas
Com Ciro Monteiro, com Zinco e Noel
Quero morrer nos seus braços
Porque você é minha estrela da guia
Você e eu, orgia

Orgia é aquela folia
É aquela esticada pela madrugada
É um papo bom, discussão, violão
No fim de semana aquela feijoada
Cachaça é uma água mais benta
Do que a que o padre batiza na pia

Você e eu, orgia

Quem leva a mulher pro samba
É o cara que paga pra ver e confia
Você e eu, orgia
Somos a realidade
E somos a fantasia
Você e eu, orgia
Somos a Santa-Trindade, neguinho
E somos a trilogia
Você e eu, orgia
Somos um papo furado
E somos a filosofia
Você e eu, orgia
Que será, mas o que de nós será?
Você e eu, orgia
Separar, mas pra que separar?
Você e eu, orgia

(Do LP "Beth Carvalho - De pé no chão", RCA, 1978)


sexta-feira, abril 02, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 52

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

COISAS DA VIDA
(Benito Di Paula)

Benito Di Paula

Olha, que a vida é essa, eu sentado sozinho
E pensando, o que pensa essa gente
Que olha e desolha
É palavra cruzada
Eu decifro, e repasso
E no passo eu já vou

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É a feira acabada, é a festa no fim
É o copo, cheirando a bebida
Quem foi que bebeu
Que caiu por aqui
E chorou, e dormiu
E no sono partiu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o menino que chega na escola chorando
E confessa por quê que apanhou
Na noite passada, ele ouviu dizer "Eu já vou!"
Respondeu, sem saber, respondeu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o carro do ano, é a nave que acopla
É a crise, o petróleo, a geada, o café
É a viola cansada
É meu samba já todo enfeitado, dizendo "Eu já vou!"

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o livro já lido, futebol consumido
É Pelé, que se foi, ninguém disse "Ele vem"
Essa grana refresca qualquer cuca quente
Eu também vou cantar, é com esse que eu vou!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o meu paraíso, é Adão enfeitado
É a Eva sorrindo, o desejo, o pecado
Mas nem sempre é azul
A amor que se faz
Quem não fez, não faz mais
Eu não fico pra trás

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o jornal atrasado, é o charuto fumado
É o classificado, é o crucificado
É a prece, é a chama, é a minha oração
Na igreja de portas abertas!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

Eu também quero ir, eu também quero ir,
Ah, eu também ...

(Do LP "Benito Di Paula e seus amigos", Copacabana, 1975)

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Som na caixa, manguaça! (Volume 6)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A mulher que ficou na taça

Francisco Alves
(Composição: Orestes Barbosa e Francisco Alves)

Fugindo da nostalgia
Vou procurar alegria
Na ilusão dos cabarés
Sinto beijos no meu rosto
E bebo por meu desgosto
Relembrando o que tu és

E quando bebendo espio
Uma taça que esvazio
Vejo uma visão qualquer
Não distingo bem o vulto
Mas deve ser do meu culto
O vulto dessa mulher...

Quanto mais ponho bebida
Mais a sombra colorida
Aparece em meu olhar
Aumentando o sofrimento
No cristal em que, sedento
Quero a paixão sufocar

E no anseio da desgraça
Encho mais a minha taça
Para afogar a visão
Quanto mais bebida eu ponho
Mais cresce a mulher no sonho
Na taça, e no coração
(do CD "Os Grandes Sucessos", Sony BMG/RCA, 2001)

quarta-feira, abril 30, 2008

Som na caixa, manguaça! - Volume 19

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

SENTIMENTAL EU FICO
(Renato Teixeira)

Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado, carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida
Mais um ponto
No arremate do sorriso, mais um nó
Aqui pra nós, cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E, apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho, amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico . . .
E os projetos, todos tolos, combinados
Perecerão nas margens da manhã
Uma tontura solta na cabeça
Um olho em Deus e outro com satã
E quando o sol raiar desentendido
Eu vou ferir a vista no amanhã
E olharei para quem vai pro trabalho
Com os olhos feito os olhos de uma rã

(Do LP "Romaria", RCA Victor, 1978)