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sexta-feira, março 02, 2007

IstoÉ é do Daniel Dantas

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O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, adquiriu 51% das ações da Editora Três, que publica, entre outros títulos, a IstoÉ. A casa que publica a semanal há 31 anos, vinha sendo motivo de boatos há algum tempo. Em 2006, uma debandada de parte da redação anunciava que mudanças estavam em curso. Eram medidas de preparação para a venda, mas também realinhamento de linha editorial. Nas últimas semanas, os boatos e atrasos no salário motivaram reação dos funcionários, em paralisações por definições e garantia de emprego (ou de qualquer coisa). Claro que tudo era sinal de crise.

O jornalista Leonardo Attuch, da IstoÉ Dinheiro, foi acusado por membros do governo federal (leia-se Luis Gushken) e por jornalistas da Veja (Lauro Jardim, da coluna "Radar") e até pela Carta Capital, de Mino Carta, de se ter vendido a Daniel Dantas. O apelido concedido pelas más-línguas de "QuantoÉ" à ex-publicação de Domingos Alzuguarray era usado para dizer que havia histórico e que o jornalista era mais um a se vender. Attuch processou a todos. Registre-se que a publicação de Mino, na edição seguinte, fez mea culpa e reconheceu que o suposto e-mail do suposto "DD" para o suposto "ATT" poderia ser realmente tudo falso...

Entre aqueles que saíram da redação da IstoÉ em 2006, há quem identificasse o ex-editor da Dinheiro não com a venda de matérias, mas com o atrelamento ideológico aos princípios de mercado, ao neoliberalismo (aquele que, como o diabo, tem muitos nomes). A "venda", para eles, seria ideológica...

Se as coisas fossem simples assim, não teria sido publicada a entrevista dos Vedoin na véspera do surgimento da história de compra do dossiê sobre a máfia dos Sanguessuga envolvendo petistas da campanha de Lula. O material divulgado na entrevista à IstoÉ não foi totalmente desmentido e envolvia Barjas Negri, ex-assessor do então ministro da Saúde José Serra. Fosse simples, tampouco circularia por aí que Daniel Dantas foi fonte de Diogo Mainardi, colunista de Veja.

Dantas surgiu para o mundo da política como apadrinhado de Antonio Carlos Magalhães no episódio do Banco Econômico. Considerado um prodígio do sistema financeiro, comandou o Opportunity em uma rápida ascensão, mas é amplamente criticado por seus métodos. Métodos que incluíram uma participação excusa nas privatizações que terminaram na que é considerada a maior disputa societária do Brasil, pela Brasil Telecom, contra os fundos de pensão de estatais (Previ, Funcef etc.). As irregularidades praticadas pela direção das empresas não foram poucas, mas a rentabilidade, diga-se, foi assegurada.

O fato é que o Mino Carta, que só chama DD de "orelhudo" só faz lamentar em seu blog.

3 comentários:

Edu Maretti disse...

1) essa informação tem que ser bem arquivada na memória,pra termos clareza ao fazer futuras abordagens sobre IstoÉ, mídia, jornalismo, política.
2) eu faria uma revisão - hehehe - no título do post: ficaria bem melhor "IstoÉ Daniel Dantas"

Anselmo disse...

é verdade, é verdade... mas, por outro lado, DD não costuma comprar empresas... O opportunity armou consórcios em que outros (citi e fundos) punham o grosso da grana, ele entrava com dez reais e ainda assegurava o comando dos negócios. COmprar, com certa transparência, a editora 3, não é o padrão que ele aparentou ter. Até porque, o cara é habilidoso do ponto de vista do mercado (um espaço em que ética e valores morais têm um significado bem diferente dos do marceneiro), no que se inclui a capacidade de armar operações confidenciais e aquisições pró-forma ou na surdina. Em suma, comprar e avisar a todos, é algo um tanto diferente da atuação do banqueiro até onde tive notícias... enfim, discordei...

Marcão disse...

Muito bom (e procedente) esse trocadalho com IstoÉ e QuantoÉ. Me lembrou a gozação em cima de um caderno de cultura cearense, o Vida e Arte, que, por desprezar a cena artística local, era chamado de Vida em Marte.